Entrevista concedida à Revista Sindilojas Fortaleza, edição Março/Abril 2015.
O administrador de empresas, Tasso Jereissati, 66 anos, é natural de Fortaleza. Atualmente, ocupa o cargo de Senador, representando o estado do Ceará pelo PSDB, pela segunda vez (primeiro mandato 2003-2011). Formado em administração, casado com Renata, com quem tem quatro filhos, comanda suas empresas no setor de shopping center em paralelo à função pública, em Brasília.
PERGUNTA – Após ter ficado um período fora do Senado Federal, o Sr. retornou ao posto, em um partido de oposição ao governo, diga-se de passagem. Como foi esse retorno e o que pretende ainda fazer pelo nosso estado?
TASSO JEREISSATI – Minha opção de voltar a me candidatar ao Senado se deu exatamente por discordar dos rumos que o Brasil e o Ceará estavam tomando. Mesmo fora da política, me preocupava demais não apenas a degradação dos indicadores da economia, a volta da inflação, o descontrole dos gastos públicos, mas também a sensível piora dos indicadores sociais, a qualidade da saúde e da educação, a questão da segurança pública e da violência. A corrupção chegou num nível nunca sequer imaginado. Como Senador de um partido de Oposição, tenho tentado cumprir meu papel, não apenas fiscalizando o governo, exigindo a apuração de todos os escândalos, doa em quem doer. Mas também busco apontar soluções, indicando caminhos para transformar essa realidade. Em relação ao Ceará, o exemplo da Refinaria é emblemático. Há várias décadas, muitas gerações de cearenses tem trabalhado para a realização deste sonho, um marco definitivo na transformação de nossa economia. Como governador, iniciamos o projeto do polo industrial do Pecém, inauguramos o porto, construímos a base de infraestrutura, como estradas, energia e iniciamos um processo de atração de empresas, tendo a refinaria como um elemento chave. Depois de tanto esforço, o povo cearense vê o sonho desmoronar, iludido que foi pelas seguidas mentiras dos governos Lula/Dilma e soterrado mais ainda pela gravíssima situação da Petrobras, envolvida no maior escândalo de corrupção de nossa história. Como Senador pelo Ceará, meu dever é cobrar, exigir explicações do Governo por este e outros fiascos, mas ao mesmo tempo continuar a buscar investimentos para o Estado, em todas as áreas, trabalhando para que retomemos o caminho do desenvolvimento.
PERGUNTA – Estamos passando por um momento de crise onde o impacto no comércio local está cada vez mais avançado. O Senador como empresário, como analisa o atual quadro da economia no Brasil e o que podemos esperar do senado federal e respeito?
TASSO JEREISSATI – Infelizmente, creio que a crise que estamos vivendo ainda não se revelou em toda a sua dimensão. Somente agora os principais agentes econômicos, apesar dos sinais que a conjuntura já apresentava em meados do ano passado, começam a sofrer as consequências de uma política econômica desastrada. Parece que somente agora despertaram da ilusão criada pelos discursos da candidata Dilma sobre a real situação da economia. Agora chegou a conta. A alta dos juros, a volta da inflação, o dólar em alta, retração do PIB. O desemprego, depois de muito tempo, volta a ameaçar. A queda da popularidade da Presidente vem exatamente da constatação de que ela mentiu aos brasileiros. Apesar dos esforços da nova equipe econômica, ainda não sabemos se o Ministro Levy, conseguirá por em prática suas ideias. Não pode haver pior cenário do que instabilidade política, aliada a um quadro de crise econômica. Por isso, temos agido com a máxima cautela no Senado, não nos deixando levar por paixões políticas, buscando o equilíbrio necessário na busca da solução de tão graves problemas. Isto não quer dizer que não seremos absolutamente intolerantes em relação à corrupção, denunciando e cobrando rigor nas investigações. O mais preocupante entretanto é que a Presidente Dilma parece não ter entendido a mensagem das ruas, age como se estivesse em outro mundo, como se não tivesse nenhuma responsabilidade por chegarmos onde estamos, como se ela e seu partido não estivessem no poder há 12 anos. Essa falta de humildade tem dificultado sua relação com o Congresso, inclusive com sua base aliada. Entendo que não pode haver pior cenário do que instabilidade política, aliada a um quadro de crise econômica.
PERGUNTA – Os shoppings centers vem tendo uma ascensão acelerada em nosso estado. Como o Senador avalia esse avanço? A atual economia que estamos vivendo pode impactar na abertura do novos que estão por vir?
TASSO JEREISSATI – A expansão dos Shopping Centers se deu em um outro momento da economia, fruto de uma expectativa em outro cenário. Os Shopping Centers estão sujeitos às mesmas consequências dessa crise, que se espalha por todos os setores da economia. Embora acredite que seja um mercado diferenciado, um negócio com características próprias, a redução da atividade econômica atinge a todos. No nosso caso, porém, inauguramos no último dia dois de abril uma nova expansão do Iguatemi Fortaleza, que em tempos de crise financeira e ajuste fiscal no País é uma demonstração de fé no Brasil e, especialmente, no Ceará.