O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (4), que a economia passa por um momento de estabilização e que “há sinais de que o pior pode ter ficado para trás”. Para ele, “a evidência sugere uma retomada gradual da atividade econômica ao longo de 2017 e um crescimento mais vigoroso em 2018”.
Pouco antes, o presidente do BC disse que os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que em fevereiro a economia brasileira gerou 36 mil postos de trabalho formais. Esse foi o primeiro resultado positivo após uma sequência de 22 meses, desde março de 2015, de queda no emprego.
Durante a audiência, presidida pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), os senadores Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Kátia Abreu (PMDB-TO) cobraram a redução das taxas de juros dos empréstimos dos Fundos Constitucionais do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO). Goldfajn respondeu que a Resolução 4561/2017, que define os encargos financeiros desses fundos, reduziu as taxas em 0,5 ponto percentual.
Concentração
Após observar que apenas quatro bancos concentram 80% dos ativos bancários no país, o senador Armando Monteiro (PTB-PE) cobrou a redução de barreiras para a entrada de instituições financeiras estrangeiras no país. Goldfajn defendeu o fim da exigência de um decreto presidencial para a operação de banco estrangeiro no Brasil e previu que a própria recuperação da economia estimulará a vinda de instituições de outros países.
Ricardo Ferraço (PSDB-ES) perguntou sobre as medidas tomadas pelo BC para a queda das taxas de juros, que classificou como “imorais e indecentes”. Goldfajn notou que a redução do custo do crédito é um dos pilares da agenda de trabalho “BC+”, anunciada em dezembro do ano passado.
Vulnerabilidade
Apesar dessas incertezas sobre o cenário externo, Goldfajn disse que não pode ser descartada a possibilidade de um cenário global “mais benigno para o crescimento”, com elevação dos preços das commodities, o que beneficiaria alguns países emergentes, inclusive o Brasil.
— A atual política econômica doméstica mudou de direção, embarcando numa agenda de reformas e ajustes que busca fortalecer os fundamentos da economia, colocando a dinâmica das contas públicas em ordem, reduzindo a inflação e ancorando as expectativas.
Para o presidente do BC, vários indicadores de confiança têm-se elevado, e a percepção de risco da economia brasileira tem diminuído. Ele notou que a inflação brasileira caiu de 10,7% em dezembro de 2015 para 4,8% em fevereiro de 2017.
(Com Agência Senado)