Apoio do PSDB a eventual governo de Michel Temer (PMDB) está condicionado, entre outros pontos, à continuação da Operação Lava Jato. A afirmação foi dada pelo senador tucano Tasso Jereissati, em entrevista coletiva na manhã de ontem, um diaapós a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados.
Bem humorado e satisfeito com o resultado da votação da noite anterior, Tasso disse que a saída da presidente “é a única maneira de tentar reativar a economia brasileira que está indo ladeira abaixo”.
Numa tentativa de desvincular a abertura de impeachment com acusações de “golpe”, o senador mencionou três vezes, em menos de 30 minutos, que a legenda tem “total respeito a cada letra da Constituição”.
O senador cearense ponderou que ainda “há um processo longo pela frente”, mas disse acreditar que o Senado ratificará posição da Câmara na primeira votação.
“Depois são até seis meses, fica muito difícil de prever”, disse. Apesar disso, o parlamentar tomou o cuidado de inserir o “eventual” antes de cada menção ao “governo Temer”.
O apoio tucano ao vice-presidente ainda não é posição fechada. Segundo Tasso, depende pontos cruciais que serão debatidos e entregues ao PMDB em reunião marcada para esta semana.
Tasso falou em dois desses tópicos. O primeiro seria “mudança total nessa maneira de fazer política de troca de cargos, favores em troca de apoios e fazer um ministério de alto nível desvinculado de qualquer troca partidária”.
O segundo, “apoio total e irrestrito à continuação da Operação Lava Jato e às suas consequências”. O discurso governista de que Temer representa ameaça à continuidade da Lava Jato tem levado tucanos a enfatizarem esse ponto.
Outros nove pontos fazem parte da lista de exigências do PSDB. Entre eles, além de medidas para recuperar a economia brasileira, equilibrar as contas públicas e combater a inflação, estão a reforma política e a manutenção dos programas sociais.
Novas eleições
Tasso também avaliou o resultado da votação do impeachment no último domingo, 17. Segundo ele, os 367 votos favoráveis ao afastamento mostram que “o governo perdeu qualquer condição de governabilidade”. Sobre a presidente Dilma, disse que, frente a sua figura pública, que estaria “muito negativa”, o ideal seria que ela renunciasse. “Essa posição daria certa grandeza a ela”, avaliou o tucano.
O senador disse acreditar que um dos “mais graves erros do PT” foi a divisão causada ao País e que Michel Temer teria condições de reunificar o Brasil.
O tucano afirmou também que o governo do atual vice-presidente seria “de transição”, pois o “o ideal seriam novas eleições presidenciais”.
Em relação à tese de eleições gerais, já defendida pelo presidente do Senado Renan Calheiros e o ex-governador do Ceará Cid Gomes e admitida até por Dilma, Tasso disse ser “absolutamente indefensável e irrealista”.
Tasso admitiu que deve participar como suplente da comissão especial do impeachment. O tucano mencionou que os correligionários Antonio Anastasia (MG) como possível presidente da comissão e Aloysio Nunes (SP) e Cássio Cunha Lima (PB) como titulares.
Fonte: Jornal O Povo